APÓS REALIZAR SONHO DE VOLTAR AO PAQUISTÃO, MALA DEIXA O PAÍS EMOCIONADA

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A vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, deixou hoje (2) o Paquistão após uma emocionante visita de quatro dias, na primeira viagem ao seu país natal desde 2012, quando um talibã lhe deu um tiro na cabeça, por conta da sua luta pela educação feminina.

A jovem deixou o país no começo da manhã em um voo regular no Aeroporto Internacional Benazir Bhutto, na capital paquistanesa, disse à Agência EFE uma fonte de segurança do aeroporto que pediu anonimato. “A segurança foi reforçada antes da sua chegada ao aeroporto”, afirmou.

Malala chegou ao Paquistão na última quinta-feira (29), acompanhada por membros de sua família, onde foi recebida por representantes do governo paquistanês.

Primeiro-ministro do Paquistão, Shahid Khaqan Abbasi (ao centro), recebe a ativista Malala Yousafzai (4 à direita) na última quinta-feira (29) depois de quase seis anos sem pisar em seu país
Primeiro-ministro do Paquistão, Shahid Khaqan Abbasi (ao centro), recebe a ativista Malala Yousafzai (4ª à direita) na última quinta-feira (29) depois de quase seis anos sem pisar em seu país EFE/Departamento de Imprensa do Paquistão/Direitos Reservados

O primeiro-ministro Shahid Khaqan Abbasi se reuniu com ela e organizou um evento em seu gabinete com parlamentares, políticos e diplomatas, que homenagearam a ativista. No evento, Malala não conseguiu segurar as lágrimas durante o discurso, onde afirmou estar realizando o “sonho” de retornar ao seu país.

Dois dias depois, viajou, com forte esquema de segurança, para sua cidade natal, Mingora, onde visitou sua antiga casa e se reuniu com estudantes em um instituto militar. O vale de Swat, onde fica localizada Mingora, esteve sob controle talibã entre 2007 e 2009, quando o Exército lançou uma operação militar, embora sigam ocorrendo ataques na zona.

Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai (segunda à esquerda) se reúne com sua família em sua cidade natal, Mingora
Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai (segunda à esquerda) se reúne com sua família em sua cidade natal, Mingora, em visita ao Paquistão, seis anos após deixar o país após sofrer um ataque talibãEFE/EPA/Faridullah

Esquema de segurança

A jovem de 20 anos deixou Islamabad nesta manhã com a mesma discrição e segurança com a qual chegou na quinta-feira de madrugada, sem que sua visita fosse anunciada e sua agenda publicada para evitar ataques. A saída do país esteve rodeada pelo silêncio do governo e instituições paquistaneses, que não fizeram comentários e nem avaliações sobre a visita.

Televisões locais mostraram uma sorridente Malala descendo de um veículo acompanhada de sua mãe e um irmão para entrar no aeroporto, escoltados por um comboio de segurança. Essa segurança foi uma constante em seus quatro dias de visita, organizada pelo Governo, que fiou responsável pelo protocolo, atos e escassas interações com a imprensa.

Um dos responsáveis do protocolo, que preferiu manter o anonimato, explicou durante a visita que não podia informar sobre as atividades por “motivos de segurança”. Os participantes dos atos de Malala receberam convites apenas horas antes dos eventos e inclusive com menos tempo.

A presença da jovem recebeu uma grande atenção midiática, com manchetes dedicadas a ela e muitas mensagens nas redes sociais, mas a agenda do país mudou pouco durante estes dias.

Em um comício da governante Liga Muçulmana do Paquistão, o ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif mencionou a Malala para destacar os progressos feitos pelo seu governo. “A prova de ter trazido a paz a Swat é que a nossa filha Malala voltou”, disse.

Apesar do apoio recebido de parte do governo, sua presença também despertou duras críticas e protestos, como o organizado pela principal associação de escolas particulares do país, na última sexta-feira (30), sob o lema “Eu não sou Malala”.

A jovem deixou o Paquistão em 2012 quando um talibã lhe deu um tiro por ela defender a educação para meninas e teve que ser levada ao Reino Unido para ser tratada. Desde então, mora naquele país e agora estuda na Universidade de Oxford.

Agência Brasil

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