Além de inúmeros riscos já conhecidos da obesidade, o excesso de peso também pode causar infertilidade, elevar as taxas de aborto e aumentar os riscos de uma gravidez com complicações, colocando a vida da mãe e do bebê em risco durante e após o parto. A obesidade é apontada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) como um dos principais fatores de redução da taxa de fecundidade da população. “Ao considerarmos que quase um em cada cinco brasileiros sofre de obesidade e mais da metade da população adulta do Brasil, que reside nas capitais, está acima do peso, acreditamos que a tendência é que as taxas de fecundidade caiam ainda mais”, afirma o cirurgião bariátrico Erivaldo Alves, diretor do NTCO (Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade). Segundo dados do IBGE, a taxa de fecundidade brasileira caiu 18,6% em dez anos.
A produção de estrogênio, hormônio sexual feminino, tem relação direta com a gordura corporal, ou seja, a obesidade pode causar um desequilíbrio hormonal que afeta o ciclo ovulatório, diminui a capacidade reprodutiva e as chances de uma gravidez.Segundo o especialista, mulheres que sofrem de obesidade possuem um risco maior de complicações durante a gestação, a exemplo de hipertensão arterial e diabetes, além de parto prematuro. “O ideal é que a mulher adote hábitos alimentares mais saudáveis e busque o seu peso adequado antes de engravidar. Em alguns casos específicos, a depender do grau de obesidade ou de doenças associadas, o tratamento cirúrgico é recomendado”, acrescenta o médico.
“A recomendação é que a mulher submetida à bariátrica espere 16 meses antes de tentar engravidar ”, orienta Erivaldo Alves. É o tempo médio para que o novo corpo conquistado pela mulher, após a estabilização do emagrecimento, esteja pronto para uma gestação. O especialista ressalta a importância do acompanhamento multidisciplinar nos casos de gravidez pós-bariátrica. Além de toda a equipe médica que deve cuidar da gestante durante o pré-natal, é importante o acompanhamento com um nutricionista, uma vez que a diminuição do estômago pode causar perdas de nutrientes que afetem a saúde da mãe e do bebê.
Segundo Erivaldo Alves, a cirurgia bariátrica é bastante segura, mas apresenta riscos como qualquer procedimento cirúrgico. “Cada caso precisa ser avaliado cuidadosamente. A análise do paciente envolve vários exames clínicos e laboratoriais. É importante que o paciente esteja bem informado sobre o procedimento, o pré e o pós-operatório e os hábitos que terá que adotar após a cirurgia”, esclarece.
Ascom/NTCO