O Ministério da Saúde lançou o Plano de Contingência Nacional para Monkeypox, a varíola dos macacos. O documento reúne informações estratégicas para contenção e controle da doença, que já infectou 2.293 pessoas no Brasil até esta quarta-feira (10), segundo a pasta. O material contém orientações assistenciais, epidemiológicas e laboratoriais para a gestão dos casos de monkeypox, além de orientar as ações a serem definidas pelos estados e municípios brasileiros.
O infectologista Julival Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), avalia que é fundamental que o governo direcione todas as ações para o controle da varíola símia.
“Esse plano é muito importante, porque estabelece uma cadeia de comando de todas as ações pelo governo federal, estadual, distrital e municipal, visando ter ações coordenadas no diagnóstico clínico laboratorial, na prevenção e, sobretudo, no controle da doença monkeypox.”
O documento também apresenta as definições de caso suspeito, provável, confirmado e descartado da varíola dos macacos, além do modo de transmissão e os grupos vulneráveis. A doutora Natalia Pasternak, bióloga e pesquisadora da Universidade de Columbia, destaca a importância do compartilhamento dessas informações.
“O mais importante para a varíola símia é que as pessoas estejam informadas de como se dá o contato, como é a maior probabilidade de contágio, o que fazer se eu estou infectado. Tudo isso tem que ficar muito claro. Lembrando que qualquer um pode pegar essa doença.”
Nível de Emergência
Conforme classificação utilizada internacionalmente, o plano apresenta três níveis de emergência baseados na avaliação do risco da doença, na situação epidemiológica e no impacto para a saúde pública e os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o Brasil encontra-se no nível III, que é estabelecido quando há transmissão comunitária de casos, os insumos para tratamento e prevenção não estão disponíveis e o impacto sobre o SUS exige ampla resposta governamental.
“É muito importante este nível três, que eleva o nível de emergência para a doença monkeypox, para se buscar mais recursos e distribuição de mais kits para o diagnóstico da doença feito por laboratórios públicos ou privados. Além de aplicar as medidas preventivas para controlar a doença”, ressalta o infectologista Julival Ribeiro.
O nível I é usado para classificar locais que não possuem todos os recursos necessários, requerem orientação técnica e mobilização de recursos, com possibilidade de envio de equipe. Já o nível II é para localidades com risco significativo, superando a capacidade de resposta local, necessitando de recursos adicionais e apoio complementar da esfera federal, com envio de equipe de resposta à Emergência em Saúde Pública.
Vacinas contra a varíola símia
Em nota, o Ministério da Saúde informa que “o controle da varíola dos macacos é prioridade para a pasta, que está em constante monitoramento da situação epidemiológica para orientar ações de vigilância e resposta à doença no Brasil. A pasta aguarda tratativas da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) junto ao fabricante para aquisição de medicamento e também da vacina contra a varíola dos macacos”.
Segundo a doutora Natalia Pasternak, a vacina contra a varíola humana deve proteger contra a símia, mas a comunidade científica ainda tem poucos dados sobre a dimensão dessa proteção.
“A vacina para varíola humana oferece o que chamamos de proteção cruzada. Como são vírus parecidos, ela deve proteger contra a varíola símia. Mas não sabemos dizer exatamente o quanto ela protege, porque isso nunca foi efetivamente testado em um grande número de pessoas. Mas acreditamos, por alguns experimentos menores que foram feitos no passado com profissionais de saúde e por causa dos anticorpos produzidos com a vacina de varíola humana, que ela oferece uma proteção cruzada.”
A varíola dos macacos, ou monkeypox, é uma doença viral, causada por um vírus semelhante ao da varíola humana. O sintoma mais conhecido é o surgimento de pústulas ou lesões pelo corpo, mas o paciente também pode sentir febre alta, dor no corpo e de cabeça, náusea, cansaço e o aparecimento de gânglios, ou ínguas, que podem acometer a região do pescoço, axila e perigenital.
O contágio ocorre pelo contato, seja por pele, secreções ou objetos pessoais do paciente infectado.
“Ela é uma doença contagiosa que passa de pessoa para pessoa, por contato íntimo prolongado. Então, contato de pele: se você abraça, beija, tem contato sexual, qualquer tipo de contato íntimo e prolongado, demorado – não é uma coisa rapidinha -, você pode pegar a varíola símia”, explica a doutora Pasternak.
A principal forma de prevenção é evitar contato direto com pessoas contaminadas ou com objetos pessoais desses pacientes.
O Ministério da Saúde orienta procurar uma unidade de saúde em caso de sintomas da doença.
Fonte: Brasil 61