O Brasil contabilizou 75,8 mil paralisações nos serviços de fornecimento de água à população, em 2022. Foram 83,2 milhões de reclamações ou solicitações de atendimento e cerca 64,4 milhões de serviços executados. Isso significa que, durante o ano, uma parcela dos brasileiros teve interrupção nesse fornecimento decorrente de problemas em unidades do sistema de abastecimento (da produção à distribuição), causada por fatores como queda de energia e reparos, dentre outros. As informações são do Diagnóstico Temático Serviços de água e esgoto 2023 — que usa como base de referência o ano de 2022 —, um estudo do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), administrado pelo Ministério das Cidades.
O assunto preocupa o professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília José Francisco Gonçalves Júnior.
“Muitas cidades têm problemas de tubulações velhas, rompimento, vazamentos, boa parte da energia captada nos ecossistemas, tratada nas unidades de tratamento de água para abastecimento”.
O professor ainda destaca a perda da água que chega nas residências. “Às vezes essa perda é tão grande que há uma interrupção e precisa consertar. Então, um processo de manutenção deveria ser feito constantemente”, avalia.
Nesse mesmo ano, o Nordeste foi a região com o maior número de paralisações. Ao todo foram 38,6 mil ocorrências (50,9%). Em segundo lugar, o Sudeste com 17,2 mil (22,7%) e na sequência, a região Sul 9,2 mil (12,1%), Centro-Oeste 6,0 mil (7,9%) e Norte 4,7 mil (6,2%).
José Francisco acredita que o problema vai mais além. “A questão de atendimento de água e esgoto não é um problema da demanda ambiental, e sim de serviços provenientes do Estado, como prevê a nossa Constituição, em fornecer água, abastecimento de água a todo cidadão brasileiro e, obviamente, coletar essa água”, ressalta.
Além das paralisações, o levantamento mostra um estudo sobre a qualidade do serviço, os registros de interrupções sistemáticas — supressão no fornecimento de água decorrente de problemas como produção, pressão na rede e subdimensionamento das canalizações, provocando racionamento ou rodízio do atendimento. Ao todo, foram 432,9 mil ocorrências.
Nesta situação, o Nordeste aparece mais uma vez .no topo da lista. A região registrou 385,4 mil (89,0%) interrupções sistemáticas. Bem atrás está o Sudeste e o Centro-Oeste com 15,1 mil (3,5%). O Norte vem na sequência com 9,2 mil (2,1%) e, por último, a região Sul com 8,1 mil (1,9%).
Na opinião da presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, os números mostram que o Brasil avançou pouco no serviço de saneamento.
“A gente precisa aumentar esse volume de investimentos, ter as soluções endereçadas pelos governos, seja uma solução pública ou privada, independentemente do modelo que for adotado”, cobra.
De acordo com o diagnóstico SNIS, o total corresponde à quantidade de registros no ano, inclusive repetições, de paralisações com duração de seis ou mais horas. A base de informações é o município.
Fonte: Brasil 61