“Fazer o bem nos faz um bem melhor”. Este é o lema do grupo de voluntários Oficina dos Anjos, que se reúnem para confeccionar turbantes e chapéus, com o objetivo de entregar às pessoas que realizam tratamento contra o câncer em Feira de Santana.
Atualmente o grupo é formado por 30 voluntários que dedicam parte do tempo para produzir os acessórios, além dos lanches, que também são entregues nas unidades hospitalares.
A reportagem do Acorda Cidade conversou com a gerente administrativa Joana Angélica dos Reis, que faz parte do grupo e ela contou como teve início o projeto na cidade.
“Essa oficina surgiu na Paraíba com uma amiga nossa, na qual ela foi desenvolvendo esse trabalho com algumas voluntárias. Ela também já teve câncer, e isso foi o motivo de começar a fazer turbantes. Nós sabemos que com o tratamento, o cabelo cai, a mulher é vaidosa, então ela resolveu fazer estes turbantes. O projeto veio para a Bahia, chegou para uma outra amiga dessa pessoa que foi passando até que chegou em nós. Esse trabalho tem aqui em Feira de Santana, assim como tem em Salvador, mas o nosso diferencial, é que somos um grupo de 30, no qual cerca de cinco pessoas que ficam mais a frente do projeto, que no caso é Gal [Maria das Graças], ela quem corta os turbantes e distribui para o grupo de quatro mulheres, costuramos, depois esse turbante volta para Gal, para que ela coloque os adereços. Nós fazemos tanto para adultos, quanto para crianças. Lá na Unacon por exemplo, a gente chega a atingir uma média de 80 turbantes nas visitas, além dos bonés que são direcionados para os homens”, explicou.
Como forma de entregar gratuitamente todos os turbantes e chapéus, os próprios voluntários realizam doações de R$ 20 todos os meses para ajudar com os custos. De acordo com Joana Angélica, o dinheiro também é revertido nos lanches.
“Todo os turbantes e chapéus são entregues de forma gratuita, sem nenhum tipo de custo para os pacientes. Esse dinheiro vem através dos próprios voluntários, uma pequena doação no valor de R$ 20, e aquelas pessoas que não podem contribuir, muitas vezes não trabalham, não possuem uma renda, ajudam na confecção dos turbantes. Além desse apoio nas doações, nós temos também a ajuda da Primeira Igreja Batista de Feira de Santana, na qual os pastores participam também do nosso grupo. A Oficina dos Anjos também tem a participação de homens que nos ajudam principalmente quando chega o Novembro Azul, eles que tomam a frente para estarem lá cortando cabelo, fazendo barba, falando da palavra de Deus, que é muito importante. A gente leva a esperança e o amor de Cristo”, declarou.
Além da Unacon, o grupo também visita o Hospital Estadual da Criança (HEC). Lá, as mães recebem material para confeccionarem artesanato.
“No Hospital Estadual da Criança nós levamos artesanato para as mães. Por que esse artesanato? Muitas mães ficam três, quatro, até cinco meses com seu filho internado, então o artesanato ajuda aquela mãe também a passar o tempo, mas é qualquer tipo de artesanato? Não, é um artesanato voltado para fim lucrativo para estas mães. Então por exemplo, nós levamos os materiais, cada um separado, um pano de prato. Nós então explicamos para estas mães a forma como fazer, para que depois, elas possam também estar vendendo. Existem muitas mães que são do interior do estado, ficam deprimidas, ficam angustiadas, muitas deixam outros filhos para tomarem conta do que está internado, nós já tivemos um caso que ao visitar a criança, foi o pai que estava tomando conta do filho com câncer, pois a mãe tinha viajado para Salvador para fazer a retirada da mama”, contou Joana Angélica ao Acorda Cidade.
Segundo a gerente comercial, este é um trabalho voluntariado que faz esquecer um pouco da vida pessoal, e se doar para aquele que precisa.
“Lá no HEC a gente senta com os meninos, canta, a gente ora, a gente conta história, faz a oficina e depois entregamos o turbante e o boné, isso na parte do ambulatório. E no internamento, a mesma coisa. São 13 leitos no qual nós vamos também, ficamos lá e apresentamos o mesmo trabalho. Aquelas crianças que estão tomando medicação, que não podem ficar com a gente, a gente passa nos leitos e entrega o turbante e o boné. Entregamos também na época do Dia das Crianças presentes, no Dia das Mães lembranças, assim como no Dia dos Pais. É um trabalho muito gratificante para gente, porque a gente esquece um pouco de nós mesmo, nos doamos para aquelas crianças e para aquelas pessoas ali”, destacou.
A Oficina dos Anjos que ajuda pessoas com câncer, também tem voluntários acometidos pela doença. Segundo Joana Angélica, uma das voluntárias já faleceu.
“Já tivemos uma voluntária que faleceu e temos uma que está em tratamento, mas está bem melhor, graças a Deus. Já passou por essa fase de quimio, de radio e já está bem melhor. E por que a gente participa dessa oficina? Porque muitas de nós já tivemos essa experiência dentro de casa com pessoas nossas que já tiveram câncer. E como a gente já passou, já ficamos com eles internados, e não tinha ninguém que viesse até nós, dar um abraço, nos falar uma palavra, então a gente acha importante fazer isso. Porque o que a gente faz? Quando a gente chega lá, a gente abraça, a gente beija, e eles se sentem acolhidos por nós”, finalizou.
Matéria do Acorda Cidade