Apontado como “plano B” do PT caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, tenha a candidatura impedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-governador da Bahia e ex-ministro Jaques Wagner se prepara para disputar uma vaga no Senado nas eleições de outubro. O nome da chapa à reeleição do atual governador baiano, Rui Costa (PT), afilhado político de Wagner, para a segunda vaga de senador, entretanto, não está definido.
Disputam a indicação a senadora Lídice da Mata (PSB) e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Ângelo Coronel (PSD), indicado do senador Otto Alencar (PSD).
A disputa pela segunda vaga tem sido tratada com cuidado no governo para evitar defecções na base aliada. Rui terá de avaliar se privilegia, de um lado, o PSB baiano, histórico aliado dos petistas na Bahia, ou a musculatura política de um PSD que administra 82 prefeituras, o Legislativo Estadual e a União dos Prefeitos da Bahia (UPB). Pesquisas de consumo interno apontam que Wagner lidera as intenções de voto, com Lídice em segundo lugar.
“A decisão do governador não será de escolher alguém. Será entre me excluir ou me manter na chapa, pois eu já sou senadora, e é natural que eu dispute a reeleição”, afirmou Lídice, que cobra a fatura pela posição contrária ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Eu e o senador João Capiberibe fomos quem mantivemos o discurso contra o golpe mesmo correndo o risco de ficarmos inviabilizados no partido”, disse a senadora, que tem o apoio declarado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmman. Segundo a senadora, o PSB colocou Bahia e Amapá como suas prioridades para alianças estaduais com o PT.
“Se ela (Lídice) não for (escolhida), provavelmente será candidata a deputada federal. É o mais natural, porque ela continuaria na cena nacional. Essa é a tendência natural, mas não é o perfil do PSB e da Lídice fazer trocas”, afirmou o ex-governador e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner, um dos principais articuladores políticos do sucessor.
O critério decisivo para escolha, segundo Wagner, será a vontade do capitão do time, Rui Costa. A decisão, na avaliação de políticos e analistas ouvidos pela reportagem, também sinalizará uma tendência política para o quarto governo petista na Bahia. “Acredito que vá prevalecer a unidade do grupo”, disse Wagner.
O ex-governador afirmou que acha provável a manutenção da tradição baiana nas eleições majoritárias de eleger dois candidatos a senador do mesmo espectro político. “Eu não acho que a chapa de lá (da oposição) tenha uma embocadura boa”, afirmou.
Já o cientista político Paulo Fábio Dantas, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), acredita que haverá um privilégio aos aliados de centro-direita da base. “O quadro baiano resulta do êxito da articulação política que o governo teve até aqui, de manter um conjunto de forças que nacionalmente são oposição ao petismo. Isso significa que, para se fortalecer, o governo teve e ainda terá de secundarizar o PT e os aliados mais à esquerda”, afirmou.
Voto evangélico
No campo da oposição, a candidatura do deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB) ao Senado é tida como certa após oito mandatos consecutivos dele na Câmara Federal. A segunda vaga na chapa majoritária é disputada, atualmente, por duas representações negras e do voto evangélico.
De um lado, está a vereadora de Salvador Ireuda Silva (PRB), ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. Do outro, disputa a vaga o deputado federal Irmão Lázaro (PSC), considerado “fenômeno” nas redes sociais, eleito há quatro anos para a Câmara Federal com mais de 161 mil votos. A escolha de um dos nomes, que começa a criar ruído no grupo opositor, tem o objetivo de aumentar a capilaridade do pré-candidato ao governo José Ronaldo (DEM) nesses dois segmentos: igrejas evangélicas e negros.
Sem grande projeção em nível estadual, apesar de ter sido prefeito da segunda maior cidade da Bahia, Feira de Santana, Ronaldo busca presença em setores populares. Ele evita comentar o assunto, contudo, para não desagradar os partidos aliados. “Nós ainda estamos conversando com os partidos, não há nenhuma definição”, afirmou.
(A Tarde)