A Refinaria Landulpho Alves (RLAN), no Recôncavo e a segunda maior do Brasil, está em franco declínio de produção. E isto em um momento em que o preço do litro de gasolina está em torno de R$ 4,30 em Salvador. A lógica, pela lei da oferta e da procura que rege o capitalismo, é que quanto maior a primeira, menor o preço do produto. Segundo informações da Federação Única dos Petroleiros (FUP), as unidades que produzem gasolina operam hoje com 66% de sua capacidade e as três plantas de produção de óleo diesel devem ser fechadas hoje – a Petrobras não confirma. A paralisação ocorre, segundo a federação, porque já não há espaço para estocar a produção, que já vem caindo desde quando a Petrobras iniciou sua nova política de preços – em meados do ano passado -, que reajusta diariamente os preços do diesel e da gasolina, buscando um alinhamento ao valor cobrado no mercado internacional e cobrir perdas provocadas pela política anterior. A isso se somou uma medida do governo federal que derrubou tarifas de importação de derivados do petróleo, o que, de alguma forma poderia baixar o preço nas bombas. Porém, o que vingou foi o fato de que para as importadoras comprar no extetrior ficou mais vantajoso que comprar da Petrobras.
resposta evasiva
Questionada sobre a queda na produção e possível interrupção das plantas de óleo diesel, a Petrobras emitiu um comunicado em que disse que “por ora, não há decisão sobre eventual parada na RLAN”. Afirmou também que opera seus ativos “com o objetivo de maximizar seus resultados”. Coordenador do Sindpetro e ex-membro do Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar afirmou que em seis meses a BR Distribuidora (subsidiária da Petrobras que atua no mercado de venda e revenda de combustíveis) perdeu de 3 a 5% da fatia que tinha no mercado. Ainda segundo ele, a RLAN tem demitido trabalhadores, passando de 1,4 mil diretos para 900; e, ente os indiretos, de 5 mil para 1,5 mil. O Sindpetro marcou uma assembleia da categoria para hoje. “A parada na produção de diesel nos foi informada por um alto gerente da Petrobras. A queda na produção é vista em todas as refinarias, mas a RLAN será a primeira a ser paralisada”, comentou.
Acompanhamento
A queda de produção da RLAN preocupa o setor industrial da Bahia. A coluna procurou as secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz) e do Desenvolvimento Econômico (SDE) para levantar o impacto da queda de produção na arrecadação e na geração de empregos. Recebeu resposta apenas da primeira: “A Sefaz vem acompanhando, junto à empresa, as medidas que esta vem adotando, a fim de entender o que está acontecendo. A manutenção da atividades da Petrobras na Bahia interessa a todos os baianos, independente das providências destinadas a compensar eventuais perdas de arrecadação”.
Impacto
O coordenador do Comitê de Petróleo e Gás Natural da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Humberto Rangel, afirmou estar preocupado. “A RLAN tem capacidade de refinar 300 mil barris/dia, mas que está operando, em média, 190 mil barris”, falou. “Há uma substituição da produção nacional pela importada, com impacto na geração de empregos e na arrecadação de impostos”.
Correio 24h