A Petrobras confirmou nesta terça-feira (20) o projeto de abandonar a produção de fertilizantes, anunciado em 2016. No anúncio, a empresa disse que a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), no Polo Industrial de Camaçari, e a de Sergipe (Fafen-SE) serão fechadas até o final do primeiro semestre. Um plano detalhado deverá ser divulgado em abril.
Como justificativa para a decisão que vai afetar diretamente a vida de 675 trabalhadores e 15 empresas, só na Bahia, a Petrobras aponta a operação deficitária das unidades. Só no ano passado foram cerca de R$ 200 milhões de prejuízo na unidade baiana e outros R$ 600 milhões no estado vizinho.
A decisão foi tomada apesar dos aumentos sucessivos na produção agrícola brasileira, de um modo geral, e na baiana, em particular – o que impulsionou o consumo de fertilizantes. Como exemplo do cenário, no ano passado, as importações do insumo agrícola através do Porto de Aratu apresentaram crescimento recorde de 28%, atingindo a marca 1,267 milhão de toneladas movimentadas.
Problema é o gás
Por que razão, então, a Petrobras acumulava prejuízos na Fafen? A produção de fertilizantes só compensa quando o preço do gás natural, principal matéria-prima, é competitivo, explica o diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras, Jorge Celestino. “Sem uma fonte de gás natural barato não se consegue ser competitivo neste negócio”, diz, complementando que este não é o caso do Brasil. “Não à toa que 85% dos produtos consumidos no Brasil são importados”, pondera.
A Fafen utiliza gás natural para produzir amônia, ureia, ácido nítrico, hidrogênio, gás carbônico e Agente Redutor Líquido Automotivo.
“A hibernação da Fábrica de Fertilizantes da Bahia é parte do nosso esforço para focar os investimentos da Petrobras em ativos que tenham menor risco e tragam mais retorno para a companhia. Nosso planejamento estratégico concentra investimentos na produção de óleo e gás no Brasil, incluindo os investimentos para aumento da produção nos campos do Nordeste”, destaca Jorge Celestino, diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras.
O termo “hibernação” é utilizado pela Petrobras porque ela pretende adotar medidas de conservação para evitar a deterioração dos equipamentos. Para tentar manter a Fafen-BA, a empresa diz que otimizou custos, aumento de produtividade e melhoria de desempenho operacional, “mas o resultado continuou abaixo do esperado e o cenário indica resultados negativos para os próximos anos”.
A Fafen-BA conta atualmente com 275 empregados próprios, de acordo com a Petrobras. O Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro) e a prefeitura de Camaçari estimam outros 400 terceirizados trabalhando na unidade diretamente. A Petrobras se comprometeu em “implementar todos os esforços” para realocar os 275 empregados próprios em outras unidades, podendo então haver mobilidade de estado. Mas o futuro dos terceirizados é incerto. O diretor Jorge Celestino diz que para a empresa é difícil precisar até o número deles. “Nós contratamos o serviço, não os terceirizados, então não saberia dizer quantos serão afetados”, respondeu.
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