“Há algum tempo, as jovens tornavam-se mães por volta dos 20 anos de idade. Nos dias atuais, com a ascensão do sexo feminino no mercado de trabalho, muitas mulheres têm seu primeiro filho após os trinta e cinco anos. Uma alternativa para aumentar as chances de uma gravidez futura, numa idade um pouco mais avançada, é o congelamento de óvulos através da técnica chamada de vitrificação”, explica o médico baiano Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana. As técnicas de congelamento de óvulos e de sêmen estão cada dia mais eficazes e são indicadas para preservar a fertilidade nos casos de maternidade tardia, tratamentos oncológicos e vasectomia.
A busca pelas técnicas de congelamento de óvulos chegou a triplicar nas clinicas de reprodução assistida do país. Um estudo realizado na Universidade Yale (EUA) revelou que a falta de um parceiro ideal ou de um relacionamento estável têm sido as principais causas pela procura das técnicas de preservação da fertilidade por parte das mulheres. A pesquisa, apresentada no último meeting anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, mostrou que de 150 mulheres que optaram por congelar óvulos, 85% delas estavam solteiras por não encontrarem um parceiro ideal e 15% não tinham um relacionamento estável ou seus parceiros não demonstravam interesse na paternidade.
A preservação da fertilidade, especialmente do sexo feminino, pois a mulher perde sua capacidade de ter filhos com a idade, é um dos grandes desafios da medicina reprodutiva. Segundo o médico Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana e diretor do Cenafert (Centro de Medicina Reprodutiva) e da Insemina Centro de Reprodução Humana, a preservação da fertilidade é a forma indicada através de técnicas de criopreservação (congelamento) de armazenar gametas (óvulos e espermatozoides) para que sejam usados no momento adequado para ter filhos. O congelamento de óvulos possibilita que as mulheres adiem a gestação e ainda que engravidem utilizando os próprios gametas até mesmo numa idade mais avançada. No caso dos homens, a técnica de congelamento de sêmen é indicada, principalmente, para aqueles que estão planejando uma vasectomia ou que são diagnosticados com um câncer de próstata ou testículo, já que alguns tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade.
“Até algum tempo atrás, as jovens tornavam-se mães por volta dos 20 anos de idade. Nos dias atuais, com a ascensão do sexo feminino no mercado de trabalho, muitas mulheres têm seu primeiro filho após os trinta e cinco anos. Uma alternativa para aumentar as chances de uma gravidez futura, numa idade um pouco mais avançada, é o congelamento de óvulos através da técnica chamada de vitrificação”, explica o especialista.
A mulher moderna tem cada dia mais adiado a maternidade para investir na sua formação e carreira profissional, buscar estabilidade financeira antes de ter filhos e encontrar o parceiro ideal. O grande problema é que quando muitas mulheres resolvem ter filhos a fertilidade delas já entrou em declínio já que a idade é um dos fatores naturais que mais afetam a capacidade reprodutora feminina. O congelamento de óvulos possibilita que as mulheres adiem a gestação e engravidem utilizando os próprios gametas até mesmo numa idade mais avançada. No entanto, de acordo com recomendação da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), as mulheres que pretendem adiar a maternidade devem realizar o congelamento até os 35 anos de idade, enquanto os óvulos têm mais qualidade.
No caso dos homens, a técnica de congelamento de sêmen é indicada, principalmente, para aqueles que estão planejando uma vasectomia ou que são diagnosticados com um câncer de próstata ou testículo, já que alguns tratamentos oncológicos podem afetar a fertilidade. “Muitas vezes, um tempo depois de feita a vasectomia, o homem pode voltar a querer ter filhos por inúmeros motivos, inclusive por ter casado de novo”, afirma Joaquim Lopes.
A preservação da fertilidade também é um recurso para o planejamento familiar da mulher, do homem ou do casal. “Quem deseja ter filhos numa fase mais avançada da vida, deve buscar um especialista para avaliar sua condição reprodutiva e se planejar da melhor forma para uma maternidade ou paternidade tardias”, esclarece o médico.
Técnicas de criopreservação
Um dos avanços na área de reprodução assistida, o método de vitrificação usado para criopreservação de gametas femininos, tem promovido uma revolução na maternidade. Desenvolvida no Japão por uma equipe liderada pelo cientista japonês Masashige Kawayama, a técnica para conservar óvulos humanos representa uma solução para um dos grandes desafios da Reprodução Assistida: preservar a fertilidade da mulher. Através dessa técnica, os óvulos são preservados em baixa temperatura (-196ºC) e de maneira muito rápida, garantindo a sua qualidade no ato da desvitrificação (descongelamento) para posterior fertilização. A vitrificação é uma técnica mais avançada de congelamento, já que o método anterior – o congelamento lento de óvulos – provoca uma formação de cristais de gelo no interior do óvulo, causando danos celulares e comprometendo a qualidade do gameta feminino, com índice de gravidez muito baixo. “A técnica de vitrificação de óvulos é recomendada principalmente nos casos em que a mulher jovem quer adiar o seu projeto de maternidade por motivos pessoais ou profissionais ou nos casos de tratamento oncológico, quando a possibilidade de ter sua fertilidade comprometida é real”, esclarece Joaquim Lopes.
A técnica de vitrificação, considerada eficaz e segura, é uma das que apresenta os melhores resultados. Considerado um método mais avançado de criopreservação, a vitrificação proporciona taxas de gestação altas, uma vez que o procedimento preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos. Durante o processo de congelamento, os óvulos são desidratados e tratados com substâncias crioprotetoras antes de serem congelados. Os melhores resultados com a criopreservação de óvulos, no entanto, se observam quando a técnica é realizada em mulheres até os 35 anos de idade.
No método tradicional de congelamento, o processo era mais lento – até atingir os 196 graus negativos levava de duas a três horas – e provocava formação de gelo no interior do óvulo. Com a vitrificação, esse tempo caiu consideravelmente. “A vitrificação traz uma nova perspectiva para a mulher moderna que precisa adiar a maternidade”, afirma o especialista.
Já para os homens, a técnica tradicional de congelamento de sêmen através do processo lento, usado há bastante tempo, garante bons resultados.
Pacientes oncológicos
As técnicas de criopreservação de óvulos e espermatozoides também são recomendadas para casos de pacientes diagnosticados com determinados tipos de câncer, que precisem passar por tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos podem comprometer a função hormonal e até causar uma infertilidade irreversível por diminuição importante da quantidade de óvulos e espermatozoides. “É preciso conscientizar os oncologistas para a importância de orientar seus pacientes sobre a possibilidade de congelar gametas (óvulos ou espermatozoides) antes de iniciar um tratamento de câncer, especialmente os mais novos e em idade fértil ou que ainda não tiveram filhos. Com os avanços no tratamento de câncer, o paciente depois de curado quer retomar sua vida, trabalhar, casar, ter filhos”, argumentou Joaquim Lopes.
Assessoria